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Tipos de trauma durante a implantação de enxertos FUE com pinças nas incisões prévias: erros e soluções

Publicado em

25/04/2023

Introdução
Dr. Igor Bottura

Existem diferentes tipos de técnicas de implantação, cada uma delas diferenciadas de acordo com tipo de instrumento - alguns mais antigos, como as pinças, e outros mais recentes (implanters) - e também do modo como realizamos as incisões na área receptora, antes da colocação (incisões prévias)  ou simultaneamente à colocação (stick and place).

A criação dos orifícios na região receptora, seja nas incisões prévias ou na técnica stick and place, deverá ser feita exclusivamente por médico(a) cirurgião(ã), enquanto as assistentes podem participar na implantação após os orifícios serem criados utilizando pinças ou implanters cegos.

(Tabela 1) 

Incisões Instrumentos

Prévias (antes da colocação) 

Simultaneamente à colocação 

Pinças 

Pinças 

Stick and place 

Implanters 

Cegos 

Afiados 

Grande parte dos cirurgiões utiliza as incisões prévias como meio de criar os orifícios e sua vantagens está em: 

- Padronização do tamanho dos orifícios com tamanho do enxertos – largura e profundidade

- Melhor controle de profundidade, menor dano tecidual (incisões coronais);

- Facilidade no cálculo e distribuição da densidade (UF/cm2) por regiões

- Possibilidade de delegar a assistentes cirúrgicas. 

Discussão 

Com o advento da técnica FUE, as características dos enxertos foliculares mudaram. A unidades foliculares se tornaram mais finas, delicadas e suscetíveis a traumas, já que possuem menor quantidade de  tecido conectivo e gordura.

Com isso, tem-se discutido o risco de trauma nos enxertos quando se usam pinças no momento da colocação. 

A seguir, apresentaremos alguns tipos de traumas que podem ocorrer durante o manuseio dos enxertos durante a implantação com pinças: 

  1. Um dos erros no manuseios dos enxertos é o excesso de pressão aplicada ao redor das UFs https://youtu.be/Qg2UMOsh13A
  2. Enxertos dobrados, ou em forma de “j”, ao colocar dentro das incisões https://youtu.be/Kt71N0R-1ZA
  3. Repetidas tentativas em colocar o enxertos com pinça dentro das incisões é também uma de causa de trauma folicular https://youtu.be/8PT8-YNlB6w

As complicações decorrentes do trauma durante a colocação são: baixo crescimento das UFs implantadas e crescimento de folículos crespos-tortuosos na área receptora. 

Uma das soluções para uma implantação segura de enxertos FUE em incisões prévias na área receptora é o uso dos implanters não afiados, a chamada técnica DNI (Dull Needle Implanters). 

Essa técnica, descrita por Mauro Speranzini (2016), permitiu que os enxertos pudessem ser colocados de maneira atraumática na região receptora, e também a possibilidade de delegar a implantação para equipe de assistentes (médicos ou técnicas), permitindo que a etapa da colocação possa ser realizada com até três pessoas  ao mesmo tempo https://youtube.com/shorts/4uJqCw4oLMg), o que é muito importante quando se realiza longas cirurgias, reduzindo a fadiga do cirurgião e minimizando  o tempo cirúrgico.

Outra solução é o uso dos dilatadores de orifícios das incisões prévias, chamado de técnica “No Touch Bulb”, descrita pela Dra. Seema Garg. Nessa técnica, um assistente alarga as incisões com auxílio de dilatador e outro assistente empurra o enxerto para dentro das incisões no movimento vertical https://youtu.be/EuloKQTNno8). É importante que os enxertos sejam seguros pela porção superior com ajuda de  uma pinça reta e o bulbo não seja tocado pela pinça, e também não pode ser dobrado ao entrar em contato com orifícios. 

Conclusão

O melhor método de implantação  é aquele que permite realizar a cirurgia em menor tempo cirúrgico, com menor trauma possível e com direção, profundidade e angulação corretas. Por isso é importante o cirurgião conhecer todas as opções de técnicas de colocação seguras e eficientes a serem incorporadas na sua rotina. Cada equipe deve escolher qual técnica se adapta melhor a suas necessidades. O treinamento e supervisão das assistentes cirúrgicas durante essa etapa cirúrgica são fundamentais para o sucesso de um transplante capilar. 

Referências bibliográficas 

  1. Conradin A. Does use of implanters affect the quality of FUE graft? Hair Transplant Forum Int´l.2017(27)4-68-52
  2. Speranzini M. Graft placement using Dull Needle Implanter (DNI) technique.Hair Transplant Forum Int´l.2017;(27),3,52-56.
  3. Rassman W, Pak J, Kim J (2016) Follicular Unit Extraction: Evolution of a Technology. J Transplant Technol Res 6: 158.
  4. Practical Guide to Hair Transplantatiom.True,Garg,Garg. 2021,, 1 ed, pg 270-272. 
  5. Emina, K. Problematic Graft Quality and Handling. In: W.P. Unger, et al., editors. Hair Transplantation, 5th Ed. London: Informa; 2011; pp. 408-413

Fonte:

ABCRC

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