Leila Bloch, MD, Ph.D
A maior parte da literatura sobre as mudanças capilares com a idade tem o seu foco nas alopecias e no folículo piloso. É importante também estudar as alterações da haste e o alto impacto sobre as propriedades cosméticas do cabelo, a fim de entender as alterações no diâmetro, curvatura, propriedades estruturais (força de tração) e composição lipídica bem como as propriedades que impactam na percepção dos pacientes sobre os cabelos com a idade.
Não há a formação de nenhum novo fio após o nascimento. Na 15ª semana de gestação, o fio já está queratinizado e com 18 semanas, o padrão capilar no couro cabeludo já está sedimentado.
O cabelo fino do bebê tende a ser perdido por volta do 7º mês, substituído por cabelo mais grosso e longo, processo que se repete aos 2 anos e novamente após os 4 anos. Portanto, os cabelos se tornam mais grossos ao longo dos anos (Tabela 1). O diâmetro máximo é atingido ao final da adolescência e diminui com a idade.
O diâmetro médio da haste é significativamente menor após a menopausa. A densidade frontal é menor e a velocidade de crescimento também, sendo que na região occipital não há essa diferença de diâmetro médio (gráfico 1).
Com relação à elipticidade da haste, não há diferença significativa após os 10 anos. A maior diferença acontece após 1 mês, quando o cabelo é mais circular. Um nova mudança ocorrerá aos 7 meses e entre os 5-6 anos, quando os cabelos tendem a ficar mais elípticos.
Ocorre alteração dos lipídios da haste capilar de acordo com a idade. As duas maiores fontes de lípides da haste são as glândulas sebáceas e as células da matriz germinativa (papila dérmica). Ocorre que a contribuição da produção de lípides pelas glândulas sebáceas é aumentada após a puberdade e continua alta até os 45-50 anos, quando tende a declinar, principalmente nas mulheres. São observados efeitos do climatério nos lipídeos da haste, como a diminuição importante de 57% de ácidos graxos e escalenos pós-menopausa e sem reposição hormonal.
Ao longo dos anos, os fios sofrem alteração de cor, e tendem a ser mais claros nas crianças do que nos adultos. Já a força tênsil é proporcional ao diâmetro do fio. A quebra capilar é um fenômeno multifatorial: alongamentos, torções, formação de nós. Os nós se formam mais em cabelos com maior índice de curvatura (> fratura) e os cabelos se quebram mais em estados de menor umidade.
Conclusão
A haste capilar apresenta mudanças significativas ao longo da vida, o que leva a grande impacto nas propriedades cosméticas dos cabelos. As principais mudanças foram o diâmetro capilar (forte impacto na percepção de envelhecimento capilar), a curvatura (aumenta com a idade, e pode haver redução de brilho e aumento de frizz associado) e a força de penteabilidade (aumenta com o aumento da curvatura).
Referências:
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Folículo - Edição 25